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Gratidão

Gratidão

21st September 2021

De que falamos, quando falamos de gratidão? Gosto particularmente da forma como São Tomás de Aquino considerou três níveis no exercício desse sentimento tão nobre e pleno de futuro:

1. em primeiro lugar, na sua forma mais simples, a gratidão exprime, a nível cognitivo, o reconhecimento por algo bom que nos foi feito, por vezes até inadvertidamente (quantas aprendizagens nos chegam através da dor e de momentos difíceis!);

2. seguidamente, a gratidão exprime, a nível emocional, louvor e graças pela pessoa que usou para connosco de bondade, criando laços que permanecem para além das circunstâncias (quantas vezes utilizamos a expressão “ela pode ser isto ou aquilo, mas nunca esquecerei o que fez por mim…”);

3. finalmente, a nível social, a gratidão assume o seu patamar mais rico e complexo ao estimular o desejo de retribuir o bem que recebemos (quantas vezes damos continuidade a cadeias de amor depois de nós próprios termos sido “vítimas” da boa intenção de alguém!).

Quando acreditamos que estes três níveis são reais e realistas (isto é, possuem valor intrínseco e podem ser colocados em prática) não fazemos triagem de pessoas ou circunstâncias, antes todos são o nosso público-alvo, incluindo as crianças e jovens com que trabalhamos e convivemos.

Obviamente não se trata de um programa que instalamos e devolve resultados na mesma proporção. É um processo, uma dinâmica permanentemente em construção e em que a medida é a nossa capacidade de amar, de dar sem esperar nada em troca, de sentir o bem-estar à flor na pele quando nos damos conta do quão afortunados somos.

O escritor Richard Foster lembra-nos, na sua obra “Celebração da Disciplina”, que podemos escolher entre compararmo-nos entre os que estão melhor do que nós e os que estão pior; é uma decisão nossa e a percepção da vantagem é o terreno ideal para plantarmos a primeira semente de genuína gratidão, quanto mais não seja por podermos estar a ler tranquilamente este pequeno texto sem que ninguém nos prenda ou feche os olhos.

Os mais novos, qualquer que seja o contexto, serão contagiados pela nossa capacidade de dar valor às pequenas coisas… e às pequenas pessoas.

— Célia Costa

 

Hoje dia 21 de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Gratidão

Célia Costa

Célia Costa

Célia Costa tem 59 anos. Cresceu em Coimbra, mas vive em Évora desde 1989. É casada, mãe de 2 rapazes e uma rapariga e já foi avó duas vezes. Trabalhou durante mais de 30 anos na área social, no âmbito da educação não formal. Encontra a sua identidade espiritual na afirmação: "uma razão que crê, uma fé que pensa".

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